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terça-feira, 23 de novembro de 2010

OPINIÃO SOBRE O HISTORIADOR E JORNALISTA GAÚCHO DÉCIO FREITAS

O jornal sensacionalista burguês Folha de São Paulo, postou em seu sítio eletrônico Folha On Line uma entrevista com o historiador e jornalista gaúcho Décio Freitas, com o título seguinte; Um pouco de história: Zumbi dos Palmares pecou pelo radicalismo. E é sobre esta que gostaria de expressar algumas observações. Desde já comunico que as afirmações a seguir podem ser postadas na página se o moderador assim desejar.

Para organizar melhor as idéias resolvi dividir as contradições encontradas no texto em quatro partes;

1º)...Pecou pelo radicalismo

O termo usado nesta afirmação demonstra os valores do cristianismo eternamente aterrorizado com tudo que abale seriamente a estrutura social existente, seja em que época for. Neste contexto, os quilombolas foram pecadores, marginais, bandidos ignorantes, porque não mediram esforços em dar suas vidas para combater a escravidão negra no país. É assim que a burguesia aponta para aqueles que se dedicam de corpo e alma para um bem maior, pecadores profanos de uma sociedade “pacífica”.

2º) Sobre a Folha de São Paulo

Além de ser um jornal defensor do modo de vida burguês, também criminaliza com freqüência os movimentos sociais combativos em suas matérias pagas. Como em outubro de 2007, onde afirmou mentiras sobre um grupo de famílias camponesas do interior do Pará, delatando que se tratava de milícias armadas, numa matéria paga pelo latifúndio visando criminalizar injustamente o movimento camponês.

A Folha de São Paulo é um dos jornais mais puxa-saco dos interesses da burguesia, e esta não tem interesse que o povo cultive uma história de resistência heróica como a do herói nacional Zumbi dos Palmares.

Para calar a boca dos incautos lança-se o dia nacional da consciência negra, que além de ser um feriado pouco enfatizado pela mídia sensacionalista e menos ainda pelos governos, ainda é facultativo e poucos são os estados e pessoas que sabem ou comemoram este dia tão importante para inspiração de rebeliões futuras.

3º) Ganga-Zumba/Gueto e Zumbi/Liberdade

Em primeiro lugar uma questão que não pode ser deixada de lado, como poderia haver diplomacia numa sociedade que não dava condições de igualdade para os negros a não ser pela força dos seus combates?

Vamos analisar o quadro histórico, de um lado um grupo de negros e mestiços que eram escravizados, tidos como escória social da época, reunidos por um ideal de libertação no alto de uma serra e do outro um governador querendo acabar com o foco abolicionista rebelde a todo custo.

Aceitar a proposta de “paz” do governador de Pernambuco, nos termos impostos, era abrir mão da luta pela libertação. Viver em paz, mas sem se armar, sem invadir as senzalas para libertar outros negros nem justiçar os senhores de engenho e seus capangas, isso lá era liberdade? Aceitar tão acordo, como Ganga-Zumba queria, era tornar o quilombo dos Palmares em um gueto onde com o tempo perderia sua combatividade até chegar o dia em que os portugueses dariam o golpe final e ninguém nunca teria ouvido falar na maior resistência negra no país.

Defender a liberdade, a justiça e a dignidade humana nem que para isso custe sacrifícios irreparáveis são valores que o senhor Décio Freitas não conhece ou simplesmente acha que são aspirações pecaminosas. Ora, é melhor morrer livre do que viver escravo!

4º) Um autêntico representante da burguesia burocrática.

Não conheço nem nunca li nenhuma de suas obras, opino aqui baseado nas afirmações do escritor em sua entrevista.

Como o próprio Décio fala, foi demitido do “cargo de alta confiança no governo em Brasília”, depois coloca que ao se exilar em Montevidéu participou de uma conspiração para realizar um “contra-golpe”. Típico da ideologia burguesa burocrática, integrante palaciano do governo fica chateado em ter sido demitido pelos militares e tenta dar um contra-golpe, ou seja, para voltar o que era antes, ora e o que era antes? Por acaso mesmo antes da ditadura militar o Brasil era uma democracia? Esta afirmação mostra apenas que o que ele mais lutava, além do de galgar prestígio político, era ter seu antigo emprego de volta. Porque ele não comenta daqueles que morreram nos calabouços da ditadura lutando para mudar este país na lei ou na marra, que muitos mesmo sem nunca ter ouvido falar em Zumbi entregaram suas vidas para libertar a de outros milhões de brasileiros.

Este senhor pode até ter sido o primeiro a escrever sobre o Quilombo dos Palmares no Brasil, mas podemos afirmar que já não é mais o único e que suas afirmações são falsificadas e contidas de uma subliminar propaganda conformista e acomodada.

2 comentários:

Franco Maciel disse...

Gostei do texto. Posso usar no meu blog "A Terra da Liberdade"?

Boca de Caêra disse...

Pode, se é para criar o debate e aprofundar o tema, está permitido desde já.