“Sou um produto das periferias alagoanas. Criei-me nos guetos de uma sociedade excludente e reacionária as constantes revoltas do meu povo. Ao longo de minha existência pude conhecer através de meus amigos, que com o tempo viraram verdadeiros irmãos, que lutar faz sim sentido e que as vezes é preciso odiar para poder amar de todo o coração.”
(Perfil: Boca de Caêra/Alagoas/julho de 2009)
Em 2008 criei, sem maiores planejamentos, um blog que tinha o seu título original; Revolta Alagoana, e tinha a finalidade de denunciar as injustiças sociais existentes na sociedade e promover uma rede de comunicação popular entre a massa oprimida e os movimentos combativos que atuavam em Alagoas. Mantendo esta massa sempre informada das diversas revoltas que estouravam, e ainda continuam estourando, por todo o estado.
Para assinar as postagens foi necessário que nascesse um novo ser social, e este foi o Boca de Caêra. Com este nome a página virtual rendeu muito assunto para as rodas de discussão de companheiros da luta e para os inimigos do povo, muitos destes visitaram ou ouviram falar das opiniões e das denúncias do blog.
Pelas veredas do tempo, nas noites calmas e frias do nordeste brasileiro meus pais me ensinaram um adjetivo da cartilha do povo nordestino. Quando uma pessoa era justa e não tinha medo de falar a verdade, esta pessoa era chamada de boca quente ou boca de Caêra. Esta expressão (caêra) é uma variação lingüística da palavra caeira ou fornalha.
Quando iniciei os trabalhos no blog muitos “blogueiros renomados”, como deputados, jornalistas, advogados e estudantes universitários, faziam coro com os meios de comunicação oficiais. Era comum me criticarem e se recusarem a debater as opiniões e as verdades expostas no Boca de Caêra. Pelo fato, segundo eles, de não reconhecerem nenhuma opinião de alguém que não revela seu verdadeiro nome, porém a legitimidade dos fatos devido a minha proximidade com a realidade do povo oprimido, fez com estes se dobrassem a veracidade das matérias postadas. Foi quando mudaram a tática, quando perceberam que não podiam simplesmente me ignorar, começaram a tentar me desmentir, me caluniar e até me ameaçar. Mas o que sempre me tive certeza foi que nunca dependi da opinião podre, desta fração reacionária que teimava em me excluir do cenário comunicativo, pois eu não trabalhava para agradar a eles e sim ao povo.
O Blog Boca de Caêra nasceu com prazo de validade de um ano. Mas quando vi que a maioria dos objetivos que havia traçado foram alcançados; mais de 2000 acessos em menos de um ano, isso num blog político e sem fins lucrativos, a criação do twitter, que muitos jornais e jornalistas alagoanos seguem e uma verdadeira legião de inimigos. Mesmo “anônimo” os reacionários não tiveram como me ignorar. Começaram a me odiar pelo fato de que a forma simples, mas incisiva pela qual expresso as opiniões populares, começava a arrastar seguidores da classe proletária, não só em Alagoas mais por todo o país.
Equivoquei-me ao excluir o blog da rede, pois já não sou mais dono do Boca de Caêra, se é que um dia fui, mas apenas seu moderador. Não soube lidar com a admiração que os companheiros rendiam por minhas postagens e num ato de individualismo tomei só uma decisão que já não me cabe.
Após uma avaliação, onde pesou muito o companheirismo dos jornais que trabalham com a classe proletária, do Movimento Estudantil Popular Revolucionário - MEPR, da Liga dos Camponeses Pobres - LCP (Nordeste) e dos companheiros da Escola Popular Elizabeth Teixeira, que me encheram de coragem e orgulho de poder propor este elo informativo dentro destas correntes revolucionárias. Assim, declaro a partir de agora o reinicio das atividades do blog informativo Boca de Caêra.
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