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domingo, 19 de dezembro de 2010

A CUMPLICIDADE HISTÓRICA DAS CLASSES DOMINANTES E A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS POPULARES


Milhares de pessoas por todo o país, estudantes, trabalhadores e intelectuais, se organizaram em inúmeras organizações democráticas, existindo de forma clandestina, para lutar de todas as formas por um Brasil justo e com dignidade para seus filhos. Muitos foram caçados, perseguidos por dias e noites, quando encontrados, eram brutalmente torturados e mortos.

Mulheres, crianças e idosos foram açoitados pelos verdugos fascistas da ditadura militar brasileira. Choques, cortes de navalha, estupros, fome, sede e até animais faziam parte dos métodos usados para fazer parentes de militantes falarem.

Visto que na maior parte das Américas o povo já havia se levantado em armas contra os regimes de caráter militar, o governo brasileiro, percebendo que era impossível destruir o desejo dos brasileiros de se rebelarem por uma sociedade melhor, temia, não por antecipação, pois, também no Brasil existia luta armada, mas o avanço da aceitação publica para com a revolução.

A lei de anistia, de forma geral e irrestrita, serviu apenas para tentar calar a boca das famílias daqueles que foram barbaramente assassinados pelo regime militar fascista brasileiro. Mas, também concede uma espécie de perdão aos assassinos, aos torturadores, aos criminosos nazi-fascistas que compuseram as fileiras da repressão em nosso país.

Nada mudou na esfera do poder, durante a suposta transição de Estado militar para civil. Apenas o caráter militar não mais atendia aos padrões de dominação em países de economia atrasada. Na década de 80, estava na moda os processos de “redemocratização”, pacotes políticos e econômicos que obrigavam países como o Brasil a ter eleições diretas e parlamentos. Porém, os mesmos personagens continuaram em cena, não mais como atores principais, mas como patrocinadores e diretores de todo o processo.

Como pode haver re-democratização, se jamais houve democracia no Brasil? Será que o direito de ter que escolher um punhado de canalhas, de dois em dois anos, para nos oprimir faz do nosso país uma sociedade democrática? Mas, outra questão é, porque os criminosos do regime militar, além de nunca terem sido punidos, jamais perderam seus cargos nas corporações estatais? E muitos ainda recebem uma aposentadoria pelos serviços prestados a pátria, quais seria estes? Talvez, por terem torturado e estuprado crianças e mulheres grávidas, por terem esquartejado ativistas políticos ou por terem queimado pessoas vivas.

Em 2009, houve o maior escândalo devido a cogitação em abrir os arquivos da ditadura militar e assim descobrir muitos assassinos. Mas, tudo foi ligeiramente abafado, por Lula e seus sequazes. Este ano, 2010, o ministro da Defesa Civil, Nelson Jobim, mesmo sobre forte repudio da corte interamericana da Organização dos Estados Americanos – OEA, fez as seguintes afirmações;

“-Se você tem uma lei que anistiou, ela não pode ser revista hoje. É uma lei que se esgota em sua própria vigência.”

”-Quando isso acontece, há um consumo brutal de energia no primeiro ano de governo, só retaliando o governo anterior.

-O processo de transição no Brasil é pacífico, com histórico de superação de regimes, não de conflito. Isso nem sempre acontece nos países da América espanhola, muitas vezes pautados por situações de degola e pelo lema: lucha hasta la muerte [luta até a morte]”.

(Fonte: R7.com-15/12/2010)

Na primeira afirmação ele defende que a “(...) lei da anistia se esgota em sua própria vigência.”, Mas, como criminoso e vítima podem ser tratados da mesma forma? Por que o Supremo Tribunal Federal se recusa a avaliar os crimes da ditadura militar, mesmo tendo provas, e ainda sim decidir que tanto vítimas quanto assassinos devem ser perdoados? Os que foram mortos estão sendo perdoados pelo que, por terem sido mortos injustamente? Bem, creio que esta lei não se encerra em si mesma coisa nenhuma.

A segunda afirmação é típica dos embromadores, quando estava em tempo de julgar empurrava-se a idéia de re-democratizar primeiro, agora, que o Brasil está “democratizado”, a conversa é que devemos enterrar o passado. Apagar a história e manter o povo na ignorância é com certeza uma pérola maquiavélica.

Na terceira, ele começa fazendo o jogo da repressão que o Brasil é pacífico, sem guerras, etc. Isto serve de auto-estima para o Estado, o fato de sempre ter conseguido manter sua repressão brutal e truculenta afinada com a política de servir aos mandos de países imperialistas fez com que os movimentos populares combativos recuassem em suas rebeliões, mas enganasse se pensa que o povo esquece seus mártires, pois um dia o povo irá cobrar caro por eles.

Ele ainda se lembra de criminalizar as lutas populares por libertação nacional vivida por muitos países americanos, principalmente os de origem espanhola. Debochando de uma palavra de ordem do companheiro Che Guevara, proclamada em 1964 numa reunião da ONU. Isso só complementa os autos que caracterizam a natureza indiferente do senhor ministro para com as lutas do povo no Brasil e no mundo.

O Estado burguês-burocrático-latifundiário não tem nada a oferecer, seja em que tempo for, aos miseráveis deste país. O povo tem que se empenhar em procurar dar continuidade a luta dos bravos companheiros que foram mortos entre as décadas de 60 e 80, e os que continuam sendo mortos ainda hoje pelos mesmo motivos que antes. Militar ou civil, a ditadura ainda é da burguesia. Se o estado não mudou, então a luta não muda. 

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