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sexta-feira, 11 de março de 2011

A FARSA DO BOLSA FAMÍLIA: OBSERVAÇÕES SOBRE ALAGOAS


Pela lógica vulgar, a principio, pode-se entender que o Bolsa Família seria apenas uma injeção de capital nas veias do mercado alagoano, como afirma o economista Cícero Perícles, afinal são cerca de 22 milhões reais mensais para a economia estadual. Como se o problema fosse só a falta de dinheiro.

A atual gerente de turno, Dilma Rousseff, iniciou seu mandato “tampão” cancelando todos os concursos públicos para o ano de 2011 e aumentou, no dia 1º de março, o valor do Bolsa Família para 19% a mais do que cada família já recebiam. Será que apenas o Bolsa Família é o suficiente para manter as famílias brasileiras?

No interior alagoano, a situação é gritante, tirando os autônomos e politiqueiros locais, só existem apenas três tipos de renda nos municípios, e estas são: aposentadoria, serviço público ou Bolsa Família, quem deseja trabalhar tem que viajar para outros estados. Isso é desenvolvimento?

Outra, por que enquanto o legislativo aprova apenas 5 (cinco) reais chorados do salário mínimo do trabalhador, a presidenta aprova, sob decreto, um aumento exorbitante do Bolsa Família? Porque, este programa serve para deixar a massa economicamente dependente.

A dependência econômica torna a massa submissa aos interesses políticos dos coronéis alagoanos. Por outro lado, quem ousa criticar este programa recebe uma chuva de rebordosas de poderosos e “esquerdistas de fim de semana”, fora a própria massa, que ainda se ilude com o que é ofertado para ela.

O povo brasileiro, sobre tudo o do nordeste e particularmente o alagoano, vive em condições socioeconômicas relativamente atrasadas, podemos dizer que estas são pré-capitalistas ou semifeudais, numa visão geral podemos perceber que grande parte dos trabalhadores do nosso Estado, principalmente os camponeses, vivem num regime de semi-escravidão.

Em Alagoas, o povo vive sob o julgo do coronelismo, em cada município existe uma espécie de “senhor feudal” que controla as eleições da cidade e o comércio, além de comandar o cadastro da “esmola federal”. Apesar de ser um programa de iniciativa federal, ele funciona a partir dos sistemas de cadastros realizados nas cidades, logo estes senhores são quem de fato cooptam a confiança da massa, através de uma espécie de apadrinhamento, onde o povo pobre se vê na obrigação de ser grato aos “coronéis” de cada região, provando esta gratidão nas eleições.

Neste contexto, este programa, além de manter o povo calado e camuflar o número cada vez maior de miséria e pobreza em nosso Estado, ainda usa o próprio povo contra os que tentam mostrar esta realidade. O pior são os intelectuais, alguns até honestos, porém também cegos pelo brilho das propagandas governamentais, criam teses para exaltar esta farsa e acabam se enveredando para o oportunismo eleitoreiro.

Alagoas está entre os piores no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), tem a maior concentração fundiária do país, um dos estados mais violentos, uma evasão escolar crescente e todos os anos milhares de trabalhadores deixam a região para serem explorados nas monoculturas da soja, no Centro-oeste, e nas de cana-de-açúcar, no Sudeste.

Em cidades da zona da mata, como Murici e Branquinha, é comum centenas de pais de famílias serem cooptados para servirem num regime de semi-escravidão país a fora. Em Branquinha, cidade com cerca de 10 mil habitantes, existem bairros onde as mulheres são chamadas de “Viúvas de Maridos Vivos”, devido o tempo que os seus companheiros são obrigados a passar até pagar todas as dívidas com o Gato, para em fim poder voltar para casa com algum dinheiro.

Por que ao invés de pagar o Bolsa Família, não se pode aumentar o número de empregos? Por que este dinheiro não é utilizado para aumentar o salário mínimo? Por que este dinheiro não pode ser investido em mais educação, mais saúde, mais segurança ou para estruturar as escolas e as universidades?

Em cada município é crescente o número de feiras livres, onde pequenos camponeses vem semanalmente vender o excedente de suas magras produções. Magras, porque apesar de todo o esforço dos trabalhadores e de serem eles responsáveis pelos alimentos que nutrem nossas mesas, diferente da monocultura da cana-de-açúcar, os camponeses pobres ou com pouca terra enfrentam dificuldades como falta de assistência técnica e tecnológica para desenvolver suas pequenas produções, que ajudam a baixar os preços dos alimentos.

O que o Estado oferece são empréstimos com dividas exorbitantes, onde quase sempre os camponeses não conseguem produzir o suficiente para poder pagar ao banco, que por sua vez toma as terras dos trabalhadores, e estas dividas não são pagas com o dinheiro do Bolsa Família.

Devemos agradecer primeiramente as tomadas de terra e em segundo, mas não menos importante, aos camponeses que ousam desafiar este sistema para poder produzir para suas famílias e para outras tantas do estado de Alagoas e do Brasil inteiro, pois não é o Bolsa Família que sustenta a coragem e a ousadia deste povo, que cansado de viver sob o julgo da semifeudalidade expressada pelo coronelismo alagoano, vem trazer na marra o desenvolvimento para nossa sociedade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esta postagem acerca do bolsa família em Alagoas é exatamente isto, tentar disfaçar a miséria em abundância. Que vrgonha !